África Minha
Mas a esperança mantinha-se e passados uns dias houve quem me dissesse: “Você tal dia vai para Santo António do Zaire”. E no dia indicado, lá embarquei numa camioneta da marca Comer, que era para ser entregue a um cliente do Norte de Angola.
As estradas eram as “picadas”, muito danificadas, e a viagem foi bastante acidentada devido às chuvas. A tal ponto as coisas se tornaram difíceis, que a certa altura tornou-se impossível prosseguir viagem, e o dito carro teve de voltar para Luanda. Eu então segui viagem, à boleia, até ao Zaire, mas antes ainda tive de me hospedar em Ambrizete, no hotel do Sr. Morais. Estava sem dinheiro, e a despesa foi paga pela firma Madeira e Marques. Despesa essa que mais tarde, me foi debitada, quando já estava a ganhar, e colocado na vida comercial.
Comércio esse que de princípio não percebia nada. E isto criava-me uma tal angústia que me provocava um grande desânimo. Julgo que se, nessa altura, tivesse dinheiro para custear a viagem, teria logo regressado, como fizeram tantos que eu conheci. Ainda cheguei a falar com alguém e pedir-lhe emprestado dinheiro para a passagem de regresso. Mas essa pessoa aconselhou-me bem, e fez-me ver que tinha desfeito a vida em Portugal e que tinha responsabilidades familiares, e que só tinha um caminho a seguir que era aguentar como os outros. E aí eu decidi aguentar mesmo a valer. Mas muitos deles eu vi sofrer naquelas terras, onde nem tudo era um mar de rosas.
Mais tarde convenci-me que eu não era dos piores e cheguei mesmo a gostar muito de África. Quando abandonei África, muitas coisas me deixaram saudades, aquela gente, aquele clima, as comidas sempre bem confeccionadas. E nunca esquecerei a Moamba, preparada à base de carne de galo ou pato cozinhada com óleo da palmeira. Era um prato de que toda a gente gostava.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
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