sexta-feira, 17 de julho de 2009

A minha prima e cunhada Aida Teixeira

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Nunca é de mais relembrar os predicados que nós lhe reconhecemos; e ao reconhecer-lhos sentimos que também neles nos cabe uma parcela, o que nos envaidece e envolve de saudade.

Destaco o grau de inteligência de que era dotada e que lhe permitiu tudo resolver dentro das contrariedades que na vida enfrentou; a coragem a persistência no trabalho, alicerçados pela robustez do seu comportamento de mulher, mãe e esposa. O seu marido, pessoa simples, confiava nela infinitamente, ela era a sua força e o farol de uma vida que, em pacífica união, lhes permitiu rasgar o horizonte dos quatro filhos que educaram no exemplo de trabalho, da dignidade e da correcção no pensamento e na postura: e assim deles fizeram quatro Homens
Estes filhos viram sua mãe amassar e cozer o pão que os alimentava; eles viram a sua mãe atender no comércio sempre com a presença altiva e perspicaz, com as maneiras senhoris que o berço lhe deu.

Era morena e simpática; tinha a bondade de aconchegar, quem não pudesse pagar-lhe, com um almoço carinhoso. Um gesto caloroso e amigo como que a contrastar com as temperaturas agrestes dos longos invernos da Guarda; tinha sempre a palavra amiga e sensata, com a finura da sua experiencia arguta, e o galanteio de uma forma de ser que só cativava e granjeava amizades.

Na Aidinha, era admirável a forma como se impunha. Ela sabia distinguir as coisas da vida e resolver os problemas sempre no âmbito da diplomacia dentro do trajo com que venceu pelo trabalho e fez a fartura de uma casa de seis pessoas.
Sempre a conheci erguida, sem manifestação de mágoa no coração, mesmo quando teve despedir-se do seu chapéu e luvas cerimoniais para os trocar pelo xaile e lenço que a vida lhe impôs.

Pena foi ter partido tão cedo. Mas quando Deus nos dá a libertação do final da vida, chega o momento de agradecer o legado exemplar de uma existência sublime, configurada nesta mulher e mãe.

Maria de Fátima Moutinho Borges

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