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As memórias gravadas no meu disco rígido referentes ao tempo da Casa da Varanda já passaram, algumas para a reciclagem e outras foram mesmo perdidas com os sucessivos ataques de vírus das novas formas de vida.
Assim, é preciso algum esforço para recuperar alguns desses documentos de uma vivência que já vai ficando bastante distante.
Não me recordo, de todo, da ida do Tio José para Angola. Recordo-me , por outro lado, da ida do Tio Luís para Moçambique, vejo as malas, enormes, carregadas no carro das vacas do irmão António para as despachar na Estação ( Vilar Formoso). O tio Luís distribuiu uma boa dose de rebuçados, daqueles embrulhados em papel às cores e que era do melhor que havia na altura, aos mais novos entre os quais deveriam, certamente, estar incluídos os vizinhos da nossa Rua.
Da Tia Aida recordo-me de a ver sentada nas escadas da Casa da Varanda com os vizinhos mais próximos a apanhar um pouco de Sol nos longos e bem frios Invernos de S. Pedro (ainda que por ser S. Pedro não nos tenha trazido qualquer beneficio climático especial). E, porque tinha o marido ausente para os trabalhos mais pesados, plantava, regava na companhia do António que certamente por ser o mais velho já ajudava nesses trabalhos.
A memória vai ficando mais activa e já na Guarda vejo as coisas um pouco mais nítidas. Assim, não esqueço a Tia Aida na cozinha da Casa de Hóspedes com uma energia e voluntarismo acima do normal e, ao mesmo tempo, com um semblante e uma voz sempre calma.
Recordo especialmente do som do martelo dos bifes, a colocação dos mesmos na chapa do fogão de lenha, para logo de seguida ver o prato já arranjado para a mesa. Vejo os clientes habituais a pedir uma das suas sopas e a satisfação com que a degustavam...
E os elogios... A casa de Hóspedes do Ti Queiroz tinha uma Alma... Era a Tia Aida.
Bom, acima de tudo, senti a forma carinhosa com que, digamos, admoestava o Tio José quando ele, mais severo, me dava uma das suas reprimendas por via de alguma nota menos conseguida ou de alguma asneira própria daquela idade. "Oh Zé não fales assim com o garoto". O garoto era eu !.
O tempo breve, a minha juventude, a sua partida precoce não permitiram, nessa altura, os meus agradecimentos. Aqui ficam
Amilcar
Na foto, tirada em dezembro de 1961, estão o Célio, o Luís, o P.A. (irmão do Célio), o Carvalheira e o Amílcar, foi num magusto com castanhas do Terrenho.
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