domingo, 9 de agosto de 2009

Três nomes para três casas

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Quando ofereci as três casas do “Canto com Alma” à ASTA eu pedi à sua presidente, a Dra. Maria José, que gostaria que as casas fossem baptizadas com nomes de mulheres de S. Pedro, e ela acedeu de imediato. Os nomes escolhidos para as casas foram os seguintes:

Aida
Nome de Mãe. Já lá vão 40 anos e às vezes parece que estou a vê-la, ainda me aparece nos sonhos, muito calma, parecendo que percebe os sinais e lê tudo o que me vai na Alma.
Era conselheira, confidente, amiga, sempre preferiu a paz ao conflito. Ainda hoje as pessoas mais idosas da aldeia que se lembram dela a recordam como uma mulher superior na bondade e na inteligência.
Na Guarda, na casa de hóspedes, era a alma do negócio; as pessoas vinham comer a sopa que ela fazia como ninguém. Ali reencontrou no comércio a sua paixão de menina, iniciada na mercearia do Meio-do-Povo em S. Pedro. Sentia-se feliz no meio das pessoas, ouvia, conversava, aconselhava.

Lucília
Nome de Madrinha. Foi a segunda mãe, mãe há só uma, eu sei, mas eu tive a sorte de ter tido duas. Às vezes pergunto-me como pode uma mulher que teve 12 irmãos ter morrido tão só. Aí pelos meus doze anos, em vésperas de uma intervenção cirúrgica a que se ia submeter, afinal menos grave do que se supunha, pensei que podia perdê-la. E lembro-me que chorei como só tinha chorado no dia em mataram a nossa gata que deixou uma ninhada de filhos atrás da porta da cozinha onde nós guardávamos a lenha. Hoje, teria um grande orgulho de ver os afilhados, a caminhar prosperamente pela vida.

Ana

Nome de Mulher. São duas as Anas que dão o nome a uma das casas: a minha tia Ana Lourenço e Ana Rodrigues. Ana Lourenço, minha tia, que recordo sempre muito devota, e que eu respeitava e admirava na sua simplicidade e frugalidade. A ti Ana Rodrigues que parecia ser mãe de toda a gente, que eu duvido seria incapaz de comer um bocado de pão ao lado de uma criança com fome, e que transmitiu aos filhos e filhas a sua generosidade infinita.
Mas este nome Ana simboliza também a homenagem à mulher anónima de S. Pedro ou à mulher da beira interior rural. Eu sei que essa mulher forte mas submissa, que aceitava ficar atrás do seu “homem”, já não existe. Mas foi essa mulher que fez dos filhos os homens que eu ainda admiro, trabalhadores, sérios até à medula, e das filhas exemplos de dedicação, de coragem e de espírito de sacrifício.

Luís

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