quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tínhamos muito que conversar!

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Não conheci a minha avó Aida, e tenho pena de não a ter conhecido. Mas vou-a conhecendo cada vez melhor através dos relatos que o meu pai e os meus tios, seus filhos, me vão transmitindo. Acredita nisso tanto o meu pai, a pessoa que dela mais me fala, que insistiu que fosse eu, e não ele, a escrever este pequeno texto.
Uma das suas grandes ambições, dizem-me, era ter netos e dos oito que teve, infelizmente, não teve oportunidade de conhecer nenhum. A doença que a vitimou levou-a cedo de mais e não tornou isso possível. Foi pena, foi doloroso. Para ela e para nós, netos. Não tivemos hipótese de conviver com a nossa avó.
A história da avó Aida já vem aqui descrita: nasceu em Cabo Verde, local para onde seu pai, por motivos profissionais, fez deslocar a sua família. As circunstâncias levaram a que se fixasse, mais tarde, na aldeia beirã do concelho de Almeida - São Pedro. Por lá foram vivendo.
A mãe, a minha bisavó Laura, possuía um estabelecimento. Foi nesse ambiente que Aida e os seus irmãos foram crescendo. Quando chegou o momento, a jovem Aida casou com um filho da terra, o meu avô José Luís Andrade Queiroz.
Apesar das dificuldades colocadas pelas vicissitudes da vida, os meus avós conseguiram transmitir aos seus filhos, António, Norberto, Armando e Luís, os valores necessários e preciosos que de todos fez grandes homens.
Na aldeia subsistiram daquilo que a terra lhes deu. Na Guarda, viveram do comércio e existindo sempre um ponto em comum: o respeito, a amizade e o afecto que os clientes nutriam pela minha avó.
Partiu cedo demais, muito cedo. Tínhamos muito que conversar e tal não foi possível!
Onde estiver, a avó, terá certamente muito orgulho em todos nós.
Um dia havemo-nos de nos encontrar...

João Queiroz

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