O António disse uma vez que os irmãos não se escolhem, mas, acrescentou ele, se pudesse escolher, teria escolhido estes. Quase apostaria que qualquer um dos outros irmãos poderia ter dito o mesmo.
Nestes quatro irmãos permaneceu, pela vida fora, a marca da Casa da Varanda, a impressão forte da sua mãe. Seguiram caminhos diferentes, mas mantiveram sempre uma forte ligação entre eles
o António mais velho foi o que conviveu mais com a Mãe. Foi durante os anos em que o pai esteve em África o chefe da família, função que levou muito a sério. Ainda nos lembramos que ele se orgulhava de ter sido capaz de produzir mais sacos de batatas no Malavado do que o meu pai alguma vez fora capaz de produzir. Na Guarda começou, muito novo, a trabalhar na Junta de Energia Nuclear, ganhava 20 escudos por dia, na época era considerado muito bom salário.
O Norberto foi sempre o "relações-públicas" da família; fazia contactos fáceis, amigos por toda a parte, sempre teve jeito para "bricolage", nenhum arranjo lhe causava problemas. Como era o mais bonito e elegante, era também aquele que tinha a preferência das raparigas. Trabalhou na oficina do Sr. Mário das bicicletas, no Largo dos Correios, mesmo ao lado da nossa casa, e trabalhou também num stand de automóveis ao cimo da Rua 31 de janeiro.
O Armando era, em S.Pedro, o guardador da nossa cabra, que um dia, com muita pena nossa, morreu por algum excesso alimentar. Na Guarda foi desde muito novo trabalhar para o F. Gião, que era um casa de electrodomésticos. No primeiro Natal trouxe para casa uma garrafa de vinho do Porto, para nós foi uma grande admiração. Desde logo aprendeu os segredos do negócio, o nosso pai achava que estava predestinado a ser um comerciante.
O mais novo sou eu, tive o privilegio de ter entrado no Liceu. Tive a vida muito mais fácil do que os meus irmãos, os tempos estavam a mudar muito depressa.
Luís
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário